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Should I Stay or Should I go?

Setembro foi novamente dominado por um sentimento de complacência nos mercados, onde praticamente todas as classes de ativos apresentaram retornos positivos, com destaque para o desempenho da China, com um aumento de 10%, e do ouro, com 12%. Esse cenário reforça a ideia de que o mercado estaria em um “modo bolha”, no qual os investidores continuam na festa, mas, em nossa opinião, devem agir com cautela e ficar próximos da porta para uma rápida retirada quando houver sinais de que ela está chegando ao fim.

O rally das ações americanas se estendeu por 5 meses e foi alimentada por uma política fiscal e monetária expansiva, um consumo resiliente, força corporativa e fluxos, apesar das altas valuations e da desaceleração da economia, com um mercado de trabalho que começa a mostrar fragilidade. Este ano e no próximo, o PIB dos EUA cresceria cerca de 1,8%, em linha com o potencial, mas abaixo dos 2,8% de 2024, enquanto a criação de empregos nos últimos três meses caiu para uma média de apenas 27 mil novos por mês, em comparação com os 99 mil empregos mensais criados em média entre março e maio.

Nesse sentido, um dos principais riscos para o otimismo do mercado é o ressurgimento da inflação e, em algum momento, o Banco da Reserva Federal, o Fed, deixar de reduzir as taxas, o que marcaria uma ruptura para os ativos de risco. No entanto, a inflação nos Estados Unidos não representaria um risco imediato, já que os dados mostram pressões contidas: os bens, que são mais vulneráveis a aumentos de preços devido às tarifas, representam apenas um terço do índice de preços ao consumidor (CPI), enquanto os preços dos serviços — que representam dois terços — continuam moderados após o aperto monetário anterior.

Diante de um mercado de trabalho em desaceleração e uma inflação contida, somadas às pressões políticas de Trump, o Fed reiniciou, após nove meses de pausa, o corte das taxas de juros. Daqui para frente, a mediana das projeções do Fed aponta para mais duas reduções este ano e outra em 2026, com grande dispersão de opiniões entre os membros do Conselho. Por sua vez, o mercado se alinha com o Fed, internalizando mais duas reduções este ano, mas entre duas e três em 2026. Esse descompasso entre o que o Fed visualiza e o mercado nos leva a ser cautelosos com o posicionamento em títulos, pois com uma economia que continua crescendo em torno do potencial e uma taxa de desemprego que se mantém contida, não haveria espaço para cortes agressivos nas taxas de juros, mesmo que a inflação permaneça limitada.

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